Autismo (TEA)
- Dra. Paula Zanforlin

- 17 de set.
- 6 min de leitura

Compreendendo o Espectro, Identificando Sinais e Promovendo o Desenvolvimento
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como uma pessoa se comunica, interage socialmente e percebe o mundo.
Por apresentar uma ampla variedade de sintomas e níveis de gravidade, o termo “espectro” reflete a diversidade de manifestações, que podem variar desde desafios sutis até necessidades de suporte significativas.
Apesar do crescente reconhecimento, ainda existe desconhecimento e estigma em torno do autismo, o que pode atrasar o diagnóstico precoce e o acesso a intervenções adequadas.
Este artigo buscou desmistificar o TEA, explorando seus sinais e sintomas, as possíveis causas subjacentes e as abordagens terapêuticas capazes de promover o desenvolvimento e a qualidade de vida de indivíduos no espectro, desde a infância até a vida adulta.
O Que é Autismo (TEA)?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica e de desenvolvimento que começa na primeira infância e dura por toda a vida. Ele afeta como uma pessoa interage, se comunica, aprende e se comporta. O termo "espectro" é fundamental, pois o autismo se manifesta de maneiras únicas em cada indivíduo. Não existem duas pessoas com autismo exatamente iguais; elas podem ter diferentes combinações de sintomas, intensidades e habilidades. As principais áreas afetadas no TEA são:
Comunicação Social e Interação: Dificuldades em iniciar e manter conversas, compreender e usar a linguagem corporal, fazer contato visual, compartilhar interesses e emoções, e desenvolver relacionamentos.
Padrões de Comportamento, Interesses ou Atividades Restritos e Repetitivos: Isso pode incluir movimentos repetitivos (estereotipias), adesão rígida a rotinas, interesses intensos e focados em tópicos específicos, e hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais (sons, luzes, texturas, cheiros).
É importante ressaltar que o autismo não é uma doença que precisa ser "curada", mas sim uma forma diferente de funcionamento cerebral que requer compreensão, aceitação e suporte adequado para que o indivíduo possa desenvolver seu potencial máximo.
Sinais e Sintomas do Autismo: Identificando o TEA
Os sinais do autismo geralmente aparecem nos primeiros anos de vida, embora em alguns casos mais leves, o diagnóstico possa ocorrer mais tarde, na adolescência ou na vida adulta. A identificação precoce é crucial para iniciar as intervenções e terapias que podem fazer uma grande diferença no desenvolvimento. Os sinais e sintomas podem incluir:
Na Primeira Infância (até 3 anos):
Dificuldade na Comunicação Social:
Não responder ao próprio nome até os 12 meses.
Não apontar para objetos de interesse ou não seguir o olhar para onde o adulto aponta (atenção compartilhada).
Não balbuciar ou não falar palavras isoladas até os 16 meses.
Não usar frases de duas palavras (não ecolálicas) até os 24 meses.
Perda de fala ou habilidades sociais previamente adquiridas.
Não fazer contato visual ou contato visual limitado.
Não sorrir em resposta a um sorriso.
Não imitar ou não participar de brincadeiras de faz de conta.
Comportamentos Restritos e Repetitivos:
Movimentos repetitivos com o corpo (balançar, girar, bater as mãos).
Fixação em partes de objetos (rodas de carrinhos, botões).
Brincar de forma incomum com brinquedos (enfileirar, organizar em vez de brincar funcionalmente).
Adesão rígida a rotinas e grande angústia com mudanças.
Hipersensibilidade ou hipossensibilidade a sons, luzes, texturas ou cheiros.
Na Infância e Adolescência:
Dificuldade em fazer e manter amizades.
Dificuldade em entender sarcasmo, ironia ou expressões faciais.
Interesses muito específicos e intensos, com pouca flexibilidade para outros tópicos.
Dificuldade em entender regras sociais não explícitas.
Comportamentos repetitivos que podem ser mais sutis (repetição de frases, movimentos).
Dificuldade em lidar com mudanças ou transições.
Problemas de regulação emocional (crises de raiva, ansiedade).
Na Vida Adulta:
Dificuldades persistentes na comunicação social e interação.
Dificuldade em manter empregos ou relacionamentos devido a desafios sociais.
Interesses restritos e rotinas rígidas.
Ansiedade social e depressão são comorbidades comuns.
Necessidade de suporte em diferentes áreas da vida, dependendo do nível de suporte necessário.
Causas do Autismo: Uma Combinação de Fatores
As causas do TEA são complexas e ainda não totalmente compreendidas, mas a pesquisa aponta para uma combinação de fatores genéticos e ambientais:
Fatores Genéticos: A genética é o fator de risco mais significativo. Não há um único "gene do autismo", mas sim uma combinação de múltiplos genes que, juntos, aumentam a vulnerabilidade ao TEA. É comum observar casos de autismo ou traços autistas em famílias.
Fatores Ambientais: Embora não sejam causas diretas, alguns fatores ambientais podem interagir com a predisposição genética e aumentar o risco de autismo. Isso inclui:
Idade avançada dos pais no momento da concepção.
Complicações durante a gravidez ou o parto (ex: infecções virais, exposição a certas substâncias).
Baixo peso ao nascer e prematuridade.
Neurobiologia: Estudos mostram diferenças na estrutura e funcionamento do cérebro de pessoas com TEA, especialmente em áreas relacionadas ao processamento social, comunicação e regulação sensorial. Há também evidências de conexões cerebrais atípicas.
Tratamento da Ansiedade: Um Caminho para o Equilíbrio
O tratamento dos transtornos de ansiedade é altamente eficaz e visa reduzir os sintomas, melhorar a qualidade de vida e ensinar estratégias de enfrentamento. A abordagem ideal geralmente combina diferentes modalidades:
Psicoterapia:
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem mais recomendada e com maior evidência científica para o tratamento da ansiedade. Ela ajuda o paciente a identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos que perpetuam a ansiedade. Através de técnicas específicas, como a exposição gradual, o paciente aprende a enfrentar seus medos e a desenvolver respostas mais adaptativas.
Outras abordagens terapêuticas, como a terapia de aceitação e compromisso (ACT) e a terapia psicodinâmica, também podem ser úteis, dependendo do caso.
Medicamentos:
Prescritos por um psiquiatra, os medicamentos podem ser uma parte importante do tratamento, especialmente em casos de ansiedade moderada a grave. As classes mais comuns incluem:
Antidepressivos: Principalmente os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS), que ajudam a regular os neurotransmissores e são eficazes a longo prazo.
Ansiolíticos: Como os benzodiazepínicos, que proporcionam alívio rápido dos sintomas, mas devem ser usados com cautela e por tempo limitado devido ao risco de dependência.
Outros medicamentos podem ser utilizados dependendo do tipo específico de transtorno de ansiedade e das comorbidades
Mudanças no Estilo de Vida:
Exercícios Físicos: A atividade física regular é um excelente ansiolítico natural, ajudando a liberar o estresse e a melhorar o humor.
Técnicas de Relaxamento: Meditação, mindfulness, yoga e exercícios de respiração profunda podem ajudar a acalmar o sistema nervoso e reduzir a ansiedade.
Alimentação Saudável: Uma dieta equilibrada, rica em nutrientes e pobre em alimentos processados e estimulantes, pode influenciar positivamente a saúde mental.
Sono Adequado: Priorizar uma boa higiene do sono é fundamental, pois a privação de sono pode agravar a ansiedade.
Evitar Estimulantes: Reduzir ou eliminar o consumo de cafeína, álcool e nicotina, que podem desencadear ou piorar os sintomas de ansiedade.
Apoio Social: Manter conexões sociais saudáveis e buscar apoio de amigos, familiares ou grupos de apoio pode ser muito benéfico.
É importante desmistificar que vacinas não causam autismo. Essa teoria foi refutada por inúmeros estudos científicos e é considerada uma fraude.
Tratamento e Intervenções para o Autismo: Promovendo o Desenvolvimento
Não existe uma "cura" para o autismo, mas uma série de intervenções e terapias podem melhorar significativamente o desenvolvimento, a aprendizagem e a qualidade de vida de indivíduos no espectro. O tratamento é individualizado e multidisciplinar, adaptado às necessidades específicas de cada pessoa. As principais abordagens incluem:
Terapias Comportamentais:
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma das intervenções mais estudadas e eficazes para o autismo. Ela foca no ensino de habilidades sociais, de comunicação, acadêmicas e de vida diária, e na redução de comportamentos desafiadores, utilizando princípios de aprendizagem baseados em evidências.
Outras terapias comportamentais, como o Modelo Denver de Intervenção Precoce (ESDM) e o Treinamento de Resposta Pivô (PRT), também são eficazes.
Fonoaudiologia: Essencial para desenvolver habilidades de comunicação verbal e não verbal, incluindo a fala, a compreensão da linguagem, o uso de sistemas de comunicação alternativa e aumentativa (CAA) e a pragmática da linguagem (uso social da linguagem).
Terapia Ocupacional: Ajuda a desenvolver habilidades motoras finas e grossas, coordenação, integração sensorial (lidar com hipersensibilidade ou hipossensibilidade sensorial) e habilidades de autocuidado e vida diária.
Psicoterapia: Pode ser útil para lidar com comorbidades comuns no autismo, como ansiedade, depressão, TDAH ou problemas de regulação emocional. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é frequentemente adaptada para indivíduos com TEA.
Medicamentos: Não há medicamentos para tratar o autismo em si, mas um psiquiatra pode prescrever medicamentos para gerenciar sintomas associados, como irritabilidade, agressividade, hiperatividade, ansiedade, depressão ou problemas de sono. O uso de medicamentos é sempre parte de um plano de tratamento mais amplo.
Suporte Educacional: Adaptações no ambiente escolar, planos de educação individualizados (PEIs), inclusão em salas de aula regulares com suporte, ou escolas especializadas, são cruciais para o sucesso acadêmico e social.
Suporte Familiar: A orientação e o apoio aos pais e familiares são fundamentais, pois eles desempenham um papel central no desenvolvimento e bem-estar do indivíduo com autismo. Grupos de apoio e psicoeducação podem ser muito benéficos.
O autismo é uma condição complexa e diversa, mas com o diagnóstico precoce e as intervenções adequadas, indivíduos no espectro podem alcançar um desenvolvimento significativo e viver vidas plenas e com propósito.
A compreensão, a aceitação e o suporte são pilares fundamentais para a inclusão e o bem-estar de pessoas com TEA.
A Dra. Paula Zanforlin, psiquiatra em Maceió, oferece um atendimento especializado e humanizado para auxiliar no diagnóstico, manejo e tratamento de comorbidades em indivíduos com autismo, promovendo um caminho de desenvolvimento e qualidade de vida.
Se você suspeita que você ou alguém próximo possa estar no espectro autista, não hesite em procurar uma avaliação profissional. Afinal, o conhecimento e a intervenção são as chaves para um futuro mais promissor.

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